COMO ATINGIR A SUSTENTABILIDADE EMOCIONAL NAS EMPRESAS?

Passamos há pouco pelo Setembro Amarelo, mas o debate sobre saúde mental permanece atual, especialmente na pandemia, onde os casos ligados à depressão, ansiedade e burnout no trabalho só aumentaram. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país das américas com o maior número de pessoas depressivas, o equivalente a 5,8% da população. Em 2019, nos tornamos a nação mais ansiosa do mundo com 18,6 milhões de brasileiros acometidos pela doença, cerca de 9% do total.

Diante desse cenário, as empresas passaram a adotar a sustentabilidade emocional como uma estratégia corporativa. Mas a pergunta que fica é: como elas se preparam para isso?

Mais do que criar programas e oferecer acompanhamentos, é preciso se preocupar com o tema de forma ampla. Para que o bem-estar psíquico se torne um compromisso organizacional, as companhias precisam ir além de projetos pontuais e desenvolver uma mentalidade que transforme os cuidados com a saúde mental em um indicador de negócio. E é aí que entra o conceito da sustentabilidade emocional.

A ideia prega a utilização dos recursos emocionais que temos disponíveis como forma de fortalecer o nosso interior e encontrar um equilíbrio com o ambiente em que vivemos. Dessa forma, as pessoas e as empresas conseguem enfrentar os desafios com mais serenidade. 

A sustentabilidade emocional é bastante similar a sustentabilidade ambiental. Essa última nos incentiva a viver em harmonia com os recursos ecológicos para que eles não acabem. E o mesmo princípio pode ser usado na saúde mental. É necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre a exigência e o que realmente pode ser entregue, sem esgotar as capacidades. É preciso buscar recursos psíquicos para se manter de pé não apenas nos momentos felizes, mas nos tristes também. 

A empresa que consegue implementar de forma bem-sucedida a sustentabilidade emocional tem mais chances de se fortalecer nos momentos de crise e de conquistar mais engajamento, inovação e felicidade no trabalho. 

Qual o preço das suas conquistas?

Hoje, a habilidade mais importante é a capacidade de gerir as próprias emoções. Os líderes sempre ocuparam essa posição porque conseguiam enxergar um horizonte e entregar respostas e soluções, um direcionamento. Mas quando um momento de dúvidas generalizadas chega, esse líder se vê sem norte e precisa entender que também é falível e vulnerável. 

Vivemos um momento que negligenciar saúde física e mental em busca de resultados é inaceitável. Podemos confundir foco, determinação e disciplina com extrapolar os limites do nosso corpo e da nossa mente. Fazer isso é ter de aprender com a dor. Se não tivermos cuidado e atenção, cedemos à pressão.

É preciso um olhar mais cuidadoso e humano sobre nós mesmos e sobre o outro, naturalizando, assim, as emoções no trabalho. Afinal, elas não deixam de existir no ambiente profissional, ainda mais agora que ele se tornou um só com nosso espaço pessoal graças ao home office

Outro ponto estratégico da sustentabilidade emocional, para além de fazer o que se ama, é ter, de fato, dom para isso. Quando escolhemos desempenhar atividades que potencializam nossos talentos, os resultados chegam e com destaque. É preciso saber construir as equipes fazendo escolhas e ajustando a rota. Nem sempre será possível atender todos os critérios, mas isso é algo essencial e que não deve ser perdido de vista.